domingo, 21 de fevereiro de 2010

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Estou correndo... Praticamente sem fôlego, os pés não sentem mais a grama molhada de tanto que se gastou, as mãos estão sem tato pelo frio que o vento traz, o nariz sente uma brisa que é inalada automaticamente. Meu corpo vive por mim, porque estou correndo.
Eu não sei se é perda de tempo ou não, e isso me assusta. Eu, que acordei todos os dias tentando ser mais mulher para te alcançar, ser menos mulher para não te assustar, ser mais mulher para não depender de você, ser menos mulher para me dar ao luxo de sonhar com você.
Então, me despi de toda essa encenação e me pus a correr – tão rápida quanto pude, mesmo não sentindo mais meu corpo se mover através dos pingos de chuva, que às vezes se confundiam com minhas lágrimas... eu corri tanto.
Entre a razão de brincar com você e comigo, entre a intuição de parece que encaixa mas não tem sentido, entre a emoção de que parece que o destino quer, depois não quer ... ! Eu cansei. E corri.
Corri de você, corri de mim, tentando deixar para trás o medo de nunca te encontrar de novo, o medo de nunca te ter porque não sou o suficiente, não me aprimorei o suficiente.
Começou a chover. Descalcei meus pés, tirei a presilha dos meus cabelos, deixei a água lavar minha alma, embora isso só funcione no ditado, porque a angústia continuou impregnada como um veneno. Sem pensar, porque já pensei demais, eu corri.
Aqui não tem nada pra mim, lá na frente vai saber o que tem.
Mas como sou boba, menina, toda sonhadora, quando eu parei que percebi. Estava correndo para alcançar você. E eu sei, quase tenho certeza, que você nem percebeu meu mover – foi só um deslocamento de ar, uma coisa momentânea de mulher que birra com qualquer coisa. E eu?
Aqui, sem fôlego, molhada, sem sentir nada, além do fracasso que foi essa tentativa.
Não corri pra fugir – corri para alcançar. E isso me deixa tão tão pior que antes que só resta sentar e recuperar o fôlego, antes que mais uma vez eu seja mais mulher, menos mulher, mais mulher, menos mulher ...
E você? Vai saber...